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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

The End.



Legal, por onde eu começo?

Bem, é o fim, saiba disso.

Acabou e só isso é certo agora.

O nosso futuro pode estar indefinido por causa disso mais disso você pode ter certeza.

É, é a vida.

Ela faz isso mesmo.

Acaba com as pessoas, com as esperanças.

Mas, às vezes, é o contrario – as esperanças acabam com as nossas vidas ou mesmo as pessoas fazem isso.

Com a própria ou com a dos outros.

Como eu estou acabando com a sua agora, dizendo-lhe isso, porém, tem de ser dito.

Não há escolha.

Não a motivo de não haver um fim.

Por que no final, é claro, sabemos, há sempre um incrível ou desesperador

fim!

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Diário da Jennifer.

Querido diário,
Primeiramente, quero me desculpar por ter passado um tempo sem escrever aqui, mas aconteceram muitas loucuras! Vou contar.
Então, o clima entre mim e Cinderella tava a mesma coisa: Sérgio não podia chegar perto de mim e de Cléo que ela me olhava com cara feia. Eu me sentia mal por que eu não queria inimizade com ninguém. Eu e ela, simplesmente, não precisamos ser amigas, mas ela também não precisa fazer isso tudo. O Sérgio começou a notar isso e me disse que ela sempre foi assim ciumenta e insegura. Ele acha que a Cinderella tem medo de perder ele, achando que ele vai abandoná-la só porque está conversando com alguma garota um pouco mais bonita que as outras ou até mesmo pior – que ele possa traí-la com essa “tal” garota. Eu até me senti lisonjeada por, indiretamente, a Cinderella, tão linda que parecia mesmo com a princesa Cinderella, me achar bonita, mas também senti pena por Sérgio por ela não ter confiança nele nem pelos sentimentos deles. Ele me contou que eles já tiveram mil vezes essa conversa e ele sempre fala para ela como isso o ofende e que ele gosta mesmo dela. Eu fiquei feliz por Sérgio vir conversar comigo e por ele me dizer que ia conversar com Cinderella, porque éramos amigos agora, por causa da amizade dele com a Cléo. Falando na Cléo, nossa amizade está a mil maravilhas. Eu não deixei que aquele mal entendido que eu fiz ou sei lá quem fez atrapalhasse nossa amizade.
Bem, o Sérgio conversou com a Cinderella e no outro dia ela veio conversar comigo pedindo desculpas, mas aquilo não significava que íamos ser amigas. Fiquei feliz com isso – finalmente haveria paz. Com essa paz, Sérgio pode conversar melhor comigo. Ele disse que ia me apresentar uns amigos dele que também eram conhecidos de Cléo. Ele até me contou uma coisa que eu sabia mais ou menos: o garoto que Cléo estava ficando era um dos amigos do Sérgio! Eles eram do 2° ano, mas Sérgio, Cinderella e algumas amigas dela andavam com eles nos intervalos e fora do colégio. Nesse dia, por causa disso e da minha insistência agora que eu tinha mais ou menos uma ideia de quem seria o garoto que Cléo estava ficando, ela me mostrou ele. Ela só me mostrou de longe por que eles estão só ficando e ainda não sabem se querem algo mais e então, enquanto eles só se encontram na rua em que eles moram. Enfim, sábado nós saímos e eu conheci o George (o ficante da Cléo), JP, Daniel e João. Daniel ficava toda hora me olhando e como ele era bonitinho eu ficava muito envergonhada. Cléo também foi para o cinema com a gente e lá ela ficou (no sentido de estar, claro) com o George. Sérgio ficava com Cinderella e os outros garotos falavam sobre, hm, coisas de garotos. Foi Daniel que me colocou no meio da conversa, mas acho que a conversa se dividiu porque Daniel só fazia perguntas diretamente para mim. Na hora do filme, “Cisne Negro”, Daniel sentou do meu lado não parou de puxar conversar comigo, me olhando nos olhos. Às vezes tentava falar com Cléo ou Sérgio, mas eles sempre estavam ou com George ou Cinderella ou Daniel me fazia outra pergunta. Na verdade, eu não estava achando completamente ruim. O Daniel era engraçado e sempre fazia comentários interessantes. Quando a sala escureceu, Daniel foi bastante original e fingiu se espreguiçar para colocar o braço envolto do meu ombro. Fingi não percebi, mas por dentro eu sabia o que ele pretendia, sabe? Para mim, isso era praticamente um sinal. Aí o filme começou e ele chegou ao meu ouvido e perguntou se eu queria ficar com ele. Nossa, eu congelei, sabe? Mas ai ele foi chegando perto, chegando perto e... puf! Foi :x O beijo foi boom e eu não se era por que eu não ficava com alguém há algum bom tempo ou por que o Daniel beijava bem mesmo... Durou algum tempo e ele se afastou com um sorriso, o que me deixou ainda mais sem graça, sei lá. Durante o filme ele me roubou mais alguns beijos e depois do filme também. Percebi que, depois disso, Cinderella trocou duas ou mais palavras a mais do que antes (bem, é melhor que o “nada” de antes...). Quando eu tive que ir embora ele me deu um selinho e disse “tchau gata”. Bem, segunda, no intervalo da aula, quando ele me viu, deu qualquer desculpa para JP e saiu para o outro lado quando me viu. Era de se esperar isso, afinal, não é? Como um garoto daquele ia se apaixonar, e ainda mais por MIM? Enfim, o resto da semana ele faltou e Sérgio disse que ele ta com infecção intestinal, mas não sei se acredito. Não só por causa de segunda, mas por que Cléo me avisou que ele era assim mesmo: sem compromisso.
Enfim, tenho que ir dormir. Boa noite, diário,
Jennifer.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Happy Valentine's Day!

Aqui no Brasil, o dia dos namorados só é em junho, mas hoje, dia 14 de fevereiro, nos Estados Unidos comemora-se o Valentine's Day, o dia de São Valetim.


São Valentim ( ou Valentinus, em latim) é um santo reconhecido na igreja católica e em igrejas orientais (Ortodoxas). O nome refere-se a pelo menos três santos matirizados na Roma antiga.
Durante o governo do imperador Cláudio II, foi proibido por este a realização de casamentos por que ele acreditava que os jovens que não tivessem familia formada, eles alistariam-se com maior frequência e seu exército seria maior e mais poderoso.No entanto, um bispo romano, Valentim, continuou a celebrar casamentos, mesmo com a proibição. As cerimônias, claro, eram realizadas em segredo. A prática foi descoberta e o bispo foi preso e condenado a morte. Enquanto estava preso, muitos jovens jogavam flores e bilhetes dizendo que os jovens ainda acreditavam no amor. Entre as pessoas que jogaram mensagens ao bispo estava uma jovem cega, Asterias, filha do carcereiro a qual conseguiu a permissão do pai para visitar Valentim. Os dois acabaram apaixonando-se e milagrosamente a jovem recuperou a visão. O bispo chegou a escrever uma carta de amor para a jovem com a seguinte assinatura: “de seu Valentim”, expressão ainda hoje utilizada. Valentim foi decapitado em 14 de Fevereiro de 270. Assim, em muitos países, essa data ficou conhecida como dia de São Valentim , ou dia dos namorados.
O dia é hoje muito associado com a troca mútua de recados de amor em forma de objetos simbólicos. Símbolos modernos incluem a silhueta de um coração e a figura de um Cupido (normalmente um bebê crescido gorduchinho que usa fraldas de pano e segura um arco e flecha) com asas. Iniciada no século XIX, a prática de recadinhos deu lugar à troca de cartões de felicitação produzidos em massa e vendidos em lojas. Estima-se que, mundo afora, aproximadamente um bilhão de cartões com mensagens românticas são mandados a cada ano, tornando esse dia um dos mais lucrativos do ano. Também se estima que as mulheres comprem aproximadamente 85% de todos os presentes no Brasil. Claro, também é muito comum as moças receberem flores. Segundo algumas floristas, as vendas são maiores que no dia das mães, pelo menos aqui no Brasil.
No Brasil, a data é comemorada no dia 12 de junho por ser véspera do 13 de junho, Dia de Santo Antônio, santo português com tradição de casamenteiro.

Bem, mesmo morando no Brasil... Happy Valentine's Day!

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Diário da Jennifer.

Querido diário,

Vou te dizer o que aprendi essa semana: nunca sequer pense num garoto comprometido com uma neurótica ciumenta. Depois que soube que o Sérgio tem namorada, nem passou em minha cabeça em criar esperanças em relação a ele, somente comentei com a Cléo o quanto ele é bonito. E ele é mesmo lindo. E me lembra beijo na boca, mas isso não vem ao caso... Mas parece, que só-Deus-sabe-como, Cinderella soube disto e fez o maior escândalo no meio da sala! O maior mico da minha vida. Ela começou a falar um monte de desaforos e disse que não era para eu dar em cima do namorado dela e tal. Quando Sérgio entrou na sala, ela se calou, me olhou com um olhar repreendor e foi falar com ele toda risonha e eu lá, sem falar nem um ‘piu’. Traumatizei. SE Sérgio soube dessa história, foi por alguém, porque garanto que a neurótica não disse nada e nem vai dizer...

Ele é amigo da Cléo e quando foi falar com ela, Cléo me apresentou a ele. Ela odeia a Cinderella e aposto que fez isso só para provocá-la. E o pior é que deu certo: logo depois ela me mandou um bilhetinho na sala dizendo que era para eu parar com quer seja o que esteja fazendo em relação ao Sérgio. Eu já estava desconfiada que foi a Cléo que disse para Cinderella sobre o que eu achava sobre o Sérgio e fiquei mais p*** depois disso e quando a aula acabou fui falar com a Cléo mas ela jurou que ela não disse nada e nem me apresentou ao Sérgio para provocar a Cinderella e sim porque queria ser educada. Ela falou de um jeito que se sentiu magoada por eu ter desconfiado dela... Além do que a gente está se conhecendo melhor agora e ela disse que queria mesmo ser minha amiga, mas para isso tinha que haver confiança. Ah, é tão confuso! Eu quero ser amiga da Cléo, ela já está sendo uma amigona, mas não sei o que fazer sobre a Cinderella. Acho melhor esperar passar um tempinho para ver o que acontece.

Bem, diário, tenho que estudar. Não é só essa “lição” que eu tenho que aprender, Física não entra sozinha na nossa cabeça, não é?

Jennifer.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Talvez, Eu Seja Um Sonhador




Owl City
é uma banda de
synthpop formada somente pelo músico americano Adam Young. Ele iniciou-se na carreira musical em Owatonna, em Minossota, em 2007.
O nome da banda provém da cidade natal de Adam (Owl = Owatonna city = cidade, em
tradução ao pé da letra).
Em 2008, o músico lançou seu primeiro CD chamado Maybe I'm Dreaming. Em 2009, lançou Ocean Eyes, de onde veio o hit "Fireflies", que tocou nas grandes rádios do mundo e chegou ao topo das maiores paradas musicais dos Estados Unidos, Canadá, Austrália, Bélgica,
Dinamarca, Irlanda, Suécia, Noruega, Reino Unido e Holanda.
Adam inspira-se nas músicas eletrônicas da europa, que dá um "quê" de eltrodance e "música mais parada". Nada contra música europeia. Tornou-se um fenômeno na internet, com mais de 7 milhões de visitas no perfil, 40 milhões de execuções e o número de ouvintes só aumenta, ultrapassando os 10 milhões. Em dezembro de 2009, recebeu certificação de ouro nos Estados Unidos. Além disso, sua música “The Technicolor Phase” faz parte da trilha sonora de Alice no País das Maravilhas (filme), dirigido por Tim Burton. "To The Sky" faz parte do filme A Lenda
Dos Guardiões.

Outras músicas de sucesso (mas não tão conhecidas como "Fireflies") são Vanilla Twilight e Hello Seattle. Os sonhos, os elementos naturais e o amor são os planos de fundo de suas músicas cheias de sentimento, aflorando a mente do ouvinte e tocando o seu coração. E isso é uma das coisas que mais me chamam a atenção para Owl City: as músicas não são do tipo que só fala de amor - também fala da natureza, das cidades (Hello Seattle), enfim, da simplicidade das coisas, talvez de um outro modo de vê-las. E, nas poucas músicas que falam de amor, são simples, são sinceras, são inocentes.
Apesar da Owl City não ter seu real reconhecimento no mundo e os fãs surgindo aos poucos, muitos sites já apostam que Owl City vire um sucesso. Eu apostaria todas as minhas fichas.


Clip de Fireflies:


sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Diário da Jennifer.

Querido diário,

Finalmente, as aulas começaram. Assim que cheguei à escola nova, me senti bastante nervosa. Senti falta de ver tudo que eu já estava acostumada, de ver quase as mesmas pessoas pelo caminho até a minha “nova sala”. Ali, nessa escola nova, eu não conhecia nada nem ninguém. Exceto a Cléo. Falando nela... Conhecer ela antes realmente foi muito bom. Na verdade, admito que demorou um pouco eu reconhecer ela na sala. Não porque a quantidade de pessoas só na minha turma é o dobro do que teria minha série na minha outra escola, mas porque a Cléo cortou o cabelo e fez mechas rosa. Ela havia comentado no MSN que tinha feito uma pequena mudança no cabelo, mas não tínhamos muita, hã, intimidade ou sei lá o que para comentarmos como ele estava e tal. Mas realmente ficou legal nela e que tem um cabelo super liso natural, é preto e combina com a pele olivácea dela. Sentei perto dela e começamos a conversar que nem no MSN, mas ela me apresentou a algumas amigas dela e elas também são bastante legais... mais ainda não decorei seus nomes... Enfim, como em qualquer lugar e qualquer garota, sempre tem aquele menino lindo né? Eu nem essa escola somos diferentes. Ok, na minha outra escola eu já tive minhas paixões, mas todas já superadas. Quero viver o novo! Eu descobri, por Clé o, que nome dele é Sérgio e que ele já tem 16 anos. O porém é que ele já tem namorada – o nome dela é Cinderella (isso lá é nome de gente do mundo real?!) e estuda na nossa sala também. Percebi que ela não foi com a minha e nem eu com a dela.

Enfim, eu já tenho bastante assunto para estudar. Primeirão, vestibular à vista daqui a três anos! É mandar brasa (que frase do tempo de vó, rs).

Beijos, Jennifer.

Love versus War

Amanheceu. O azul do céu foi a primeira coisa que encheu meus olhos ao acordar. Levantei-me com um sorriso no rosto por, finalmente, haver uma manhã ensolarada nesses tempos tão tristes de Guerra. Fiquei ainda mais feliz por lembrar que meu pai era um sargento aposentado e estava no aconchego de casa. Suspirando, aproveitando a sensação boa, tomei banho e desci para tomar o meu café. Papai e mamãe ainda estavam na mesa. Papai, como sempre, com seu jornal na mão. Ele sempre teve essa mania, mas com o inicio da Guerra e sua “impotência” para com o país (que nem sequer estava no meio disso, pelo menos ainda, o que o irritava ainda mais) ele não largava sua nova edição da manhã.

- Bom dia! – exclamei para os dois, dando-lhes um beijo em cada na testa.

- Bom dia filha – respondeu mina mãe, entre um gole e outro de café quente, um produto brasileiro que valorizamos muito.

- Kate, minha filha, você já leu essa manchete? – falou meu pai, ignorando minha recepção totalmente.

Como o meu noivo era soldado da Marinha Brasileira, meu pai achava que eu já sabia de todas as notícias relacionadas à Grande Guerra de primeira mão. Como se, em pleno inicio de século XX eu pudesse ficar sozinha com ele sem meu pai por perto muitas vezes...

- Não, pai, eu acabei de acordar, não estou sabendo de nada... –respondi pacientemente.

- Pois então tu saibas agora! Aqui diz que o Brasil declarou oficialmente ontem, 4 de agosto de 1914, neutralidade na Grande Guerra!

Quando meu pai falava da Grande Guerra, a primeira coisa que me vinha à cabeça era o Eduardo, meu noivo. Eu estava contente pelo Brasil não ter demonstrado, em nenhuma nota oficial, qualquer participação com a Guerra. Agora, com está notícia de neutralização do país, não sabia o que esperar. Não sabia se iam precisar convocar a Marinha – ou pior, o meu Eduardo. Eu temia por ele, principalmente por ele trabalhar na água, onde é distante da terra, da civilização e obviamente de atendimentos médicos. Todo o alívio e sensação boa ao acordar foram embora dando lugar às palavras do meu pai.

Logo após o café, quis ir ver o Eduardo. Ele estava de folga por um mês, para poder visitar a família e a mim. Agora ele sempre tinha tempo para mim, para recompensar o tempo em que ficava trabalhando na Marinha.

Quando cheguei lá, ele tinha acabado de acordar e estava tomando banho. Quando foi tomar seu café, sentei ao seu lado, para aproveitar cada minuto caso ele tivesse que voltar de sua folga mais cedo – e talvez nunca mais voltar.

- Porque está tão aflita minha Kate? – ele perguntou, aparentemente preocupado.

- Então não soube? O Brasil anunciou que está neutro na Guerra.

- Sim, eu soube disse, ora – ele respondeu como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. Ele me olhou mais atentamente e se ajeitou na cadeira – Mas não entendo... O que te preocupa? O Brasil está neutro! Não estamos contra ninguém, então ninguém está contra nós!

- Não estamos contra ninguém... Mas também não apoiamos ninguém!Isso me aflige. Vai que há um ataque, aqui no Brasil! Claro que a parte mais afetada vai ser aqui no Rio de Janeiro, ora. Além de que, me aflijo por você, para caso convoque você para lutar na Guerra...

Eduardo chegou mais perto de mim e colocou sua mãe quente em meu rosto, obrigando-me a olhar para ele de qualquer modo.

- Katerina, olhe para mim. Tu não deves se preocupar tanto. Estou aqui, estou com você... E eu te amo, lembre-se disto. Lembra do que eu te disse quando tive que voltar para a Marinha na primeira vez desde que estávamos juntos?

Assenti.

- Mesmo longe, estamos juntos.

Então ele me roubo um beijo sujo de geléia.

Voltei para casa acompanhada do Eduardo, mas, apesar do que ele me disse mais cedo, ainda tinha uma pontinha de aflição apertando o meu peito. Meu pai como sempre, me esperava com um olhar apertado na varanda. Ele cumprimentou Eduardo educadamente, e sentamos no banco que ficava de frente para a cadeira do papai.

Desde que começou a Guerra, papai e Eduardo só falam sobre isso. Eu fico lá, a escutar o que eles dizem, sem eu poder (ou querer) interromper.

No outro dia, amanheci ainda com relutância sobre o Eduardo ir pra Guerra, mas menos tensa do que ontem.

Repeti a mesma rotina do outro dia, mas quando cheguei na casa de Eduardo, ele não só já estava acordado, como já fardado e de malas prontas.

- Kate – ele começou quando eu alternava olhares com as malas e ele -, quando cheguei de sua casa ontem, eu recebi uma carta em que teria que ir ajudar a Marinha. Vou embora hoje. Queria poder ficar mais tempo com você, ou poder ter te avisado antes, mas não quis atrapalhar seu sono, já que eu vi como você estava aflita ontem... Por favor, não me odeie e...

Interrompi-o com um ‘shh’, meus olhos cheios de lágrimas. Tentei processar todas as informações na minha cabeça.

Ficamos um minuto em silêncio, olhando um para o outro, até que Eduardo quebrou-o continuando, com um ar triste:

- O meu ônibus sai daqui à uma hora. Daria-me a honra de ir comigo até a rodoviária?

Assenti com a cabeça, ainda mais triste. Meu Eduardo... Meu Eduardo... indo para a Guerra. Será que ele voltaria para o calor dos meus braços? Será que ao menos ele voltaria para mim? Vivo?

As perguntas continuaram rodeando minha cabeça no caminho até a rodoviária todo. Quando chegamos lá ele largou as malas no chão e deu um logo abraço em sua mãe, que estava aos prantos. Cumprimentou o pai e os outros parentes ali presentes e por fim, me deu um beijo. Esse beijo foi quente, foi desesperado e sutil ao mesmo tempo. Era realmente como um beijo de despedida. Quando separamos nossos lábios, colocamos testa com testa, olhando-nos nos olhos.

- Mesmo longe, estamos juntos – disse ele.

- Mesmo longe, estamos juntos – repeti.

Separamo-nos com muito afeto: ele, de dentro do ônibus, ainda me disse adeus, com a mão. Conservei-me à porta, a ver se, ao longe, ainda olharia para trás, mas não olhou...

Dois anos se passaram e só recebi mais ou menos 10 cartas do Eduardo. Ele disse que havia sido transferido para outro país que não estava autorizado a dizer o nome, ajudando as vítimas de lá. Ele sempre me dizia que tentava arranjar uma folga de pelo menos 1 semana para passar com a mãe e comigo, mas o trabalho era muito. Há algum tempo, não recebo mais suas cartas, o que me deixa mais desconfortada. Toda noite, sonho com sua morte, imaginado qual teria sido sua última palavra e se teria algo haver comigo ou com sua mãe.

Papai leu no jornal que um navio brasileiro, o Rio Branco, havia sido afundado por um submarino alemão. Meu coração parou. Mamãe tentou me aliviar lendo que a maior parte da tripulação era norueguesa, mas, para o navio ser brasileiro, algum brasileiro tinha de estar lá. E eu sentia que meu Eduardo estava lá.

Algumas semanas depois, quando conseguiram resgatar alguns corpos, os pais de Eduardo foram ver se ele estava no meio. Inicialmente, a mãe dele não queria ir e nem saber, de fato. Mas, no final, ela deixou que o seu marido acabasse com a aflição.

Acabou que piorando a tristeza de todos.

Realmente, o corpo de Eduardo estava lá, morto, frio. Totalmente sem vida. Ele, de fato, tinha sido um dos poucos brasileiros do barco.

A mãe de Eduardo entrou em depressão, alguns meses depois. Eu, somente, ficava quieta no meu canto, fingindo conversar com a alma de Eduardo até amanhecer.

ps: Todas as informações sobre a Primeira Guerra Mundial contida aqui nesse texto são reais (pelo menos de acordo com o Wikipedia), mas a história de Katerina e Eduardo não é verídica (pelo menos até onde eu sei, né? ‘-‘)